25 junho 2006

Minha Trajetória no Curso de Treinamento para Tutores do PEAD

1. O QUE APRENDI ATÉ AGORA?

Uma das características importantes do ser humano é que este está em constante processo de aprendizagem, ad-infinitum, na certeza de que a aprendizagem é de fato um processo - embora muitas vezes isso não se mostre tão evidente -, e que os conhecimentos são provisórios, que embora possam dar conta das questões contemporâneas, necessitam ser sempre reconstruídos, revisados e ampliados. O fato de julgar que sabemos algo deve constituir o ponto de partida, e não o ponto de chegada. No Curso de Formação de Tutores, estamos constituindo uma comunidade, que atuará junto nos próximos quatro anos, através das interações que acontecem nesse processo, e que são peculiares, pois dependem dos diferentes sujeitos, de como interagem, de suas histórias de vida, de suas expectativas. Uma aprendizagem que julgo importante é a formação da consciência de que fazemos parte de um projeto amplo, onde a participação de cada um tem sua importância. O sucesso depende da atuação de cada um e de todos ao mesmo tempo, o que nos remete para a manutenção de uma dialogiciddade, através de interlocuções abertas, que busquem superar resistências e dificuldades, e que conte com a colaboração de todos os participantes, sejam tutores, professores coordenadores, conteudistas, etc., onde possam haver espaços para uma reflexão de forma natural, sem sobressaltos.


2. COM QUE INTERAJO MAIS?

Tenho interagido de forma mais intensa com a
Maira, a Luciane, a Alexandra, a Mariângela, entre outros colegas de Curso. Este leque de interlocutores necessita ser ampliado e intensificado, pois as experiências individuais, quando socializadas, enriquecem o processo.


3. O QUE EU VI DE NOVIDADE?

Trabalhar junto com um grupo com experiências bastante diversificadas, na construção de uma educação pioneira, onde a EAD constitui uma novidade para a grande maioria dos participantes, constitui uma atividade instigante e desafiadora. Por outro lado, a idéia de desbravar novas fronteiras, oportunizando colaborar para que pessoas tenham acesso ao ensino superior através da modalidade de ensino mediado, considerando que de outra forma isso não seria possível para elas - professores em exercício da rede pública -, nos dá um grande sentimento de responsabilidade. Analisando as dificuldades enfrentadas pelos colegas do curso de treinamento, no aprendizado em lidar com as tecnologias, com novos conceitos, buscando compreender a natureza dos processos com os quais estão implicados, e o esforço que estão fazendo, procurando dar o melhor de si, aumenta a crença de que a tenacidade no desempenho das propostas terá papel importante na superação dos desafios.

4. O QUE FALTA APRENDER?

Como coloquei acima, a aprendizagem não tem um ponto que demarca seu limite último, senão novos começos. Assim, tenho certeza que o campo para novas aprendizagens é muito grande, especialmente numa modalidade de educação, mediada, que por si só já representa uma inovação em nosso meio. Mas é importante que tenhamos consciência daquilo que já sabemos, para que possamos identificar onde precisamos investir mais nossos esforços.

5. QUAL TEM SIDO O SEU GRAU DE ENVOLVIMENTO COM O CURSO E AS ATIVIDADES PROPOSTAS?
Tenho me dedicado com bastante energia e determinação no desenvolvimento das atividades propostas, buscando colaborar e cooperar com os colegas. No entanto, sinto que algumas atividades poderiam ser melhor trabalhadas, no sentido de sua organização, tornando sua execução mais fácil.


6. COMO TEM SIDO A SUA DISPONIBILIDADE DE HORÁRIO PARA A REALIZAÇÃO DAS ATIVIDADES PROPOSTAS? QUANTO TEMPO TEM DEDICADO PARA A SUA REALIZAÇÃO?

O tempo que dedico às atividades propostas é suficiente para dar conta das mesmas, sendo investido um tempo diferenciado a cada uma, ou seja, no sentido de uma flexibilização, fazendo os ajustamentos necessários. Isso depende de cada sujeito, pois alguns participantes necessitam investir mais tempo em uma determinada atividade, enquanto outros necessitam investir mais tempo em outras atividades. Depende da realidade de cada um, dos conhecimentos, prévios, das habilidades, das facilidades que cada um possui na utilização de determinados recursos.


7. BREVES COMENTÁRIOS SOBRE MINHA TRAJETÓRIA NO CURSO DE TREINAMENTO PARA TUTORES DO PEAD

Iniciei o curso com entusiasmo e bastante otimismo, principalmente devido a uma feliz conjunção de alguns aspectos que tornam minha colaboração junto ao PEAD uma atividade que gera grande alegria. Sinto que o PEAD constitui um locus privilegiado para o desenvolvimento das atividades dentro de meu campo de interesses teóricos e profissionais, quais sejam, o Ensino Superior, a Educação, a Educação a Distância e as Novas Tecnologias.
Tenho consciência de que a trajetória e a experiência que venho desenvolvendo no mundo da EAD, seja no estudo e utilização de diferentes plataformas, na produção de objetos virtuais de aprendizagem, ou como colaborador na criação de novos cursos de graduação a distância, como é o caso do Pró-Licenciatura, do MEC, só aumentam meu sentimento de responsabilidade junto à equipe de Tutores que atuará no presente Projeto. Nesse sentido, ao mesmo tempo em que percebo que tenho algumas facilidades que poderão favorecer o desenvolvimento das atividades propostas, também percebo que posso contribuir de forma mais intensa com os colegas de Curso. Sinto, pois, que poderia não só colaborar mais como também colaborar de forma mais abrangente; no entanto é difícil estabelecer os limites em que essa atuação pode se dar, de forma produtiva, sem que isso acabe se refletindo na construção da autonomia de cada um. É importante que todos tenham seus espaços e consigam desenvolver a autonomia, num processo relacional, nas interlocuções com os colegas.
Cada um dos participantes tem seu próprio ritmo de aprendizagem, seu próprio tempo, que necessita ser respeitado. No entanto, considerando a exigüidade do cronograma, que nos separa do início do Curso de Licenciatura em Pedagogia a Distância, é necessário que os participantes do curso de treinamento para o desenvolvimento da tutoria se sintam preparados para este momento importante. Sendo assim, durante o curso de treinamento, é importante que se sintam apoiados, não só pelos professores, mas pelos principalmente pelos próprios colegas.
Entendo esse processo como um processo dialético, num movimento que se estabelece na dialogicidade entre os diversos participantes. Como para muitos a EAD, e especialmente o Projeto do PEAD, constitui uma novidade, ainda não estão bem visíveis e definidos os diferentes papéis, a serem desempenhados por cada um dos diferentes protagonistas, numa rede de interações que mantêm uma organicidade.
Talvez, diferentemente do que acontece com muitos colegas que estão concentrados em aprender e dominar o uso das tecnologias e compreender os processos que se desenvolvem numa situação de EAD, tenho voltado meus interesses para um ponto um pouco mais distante, o de compreender o Curso como um todo, suas interelações. Entre as questões que me chamam a atenção estão as questões didáticas, metodológicas, os estilos de cada professor, as concepções que embasam a organização das ações com vistas ao ensino e a aprendizagem em cada um dos módulos, e como se articularão entre si, considerando a realidades dos futuros alunos do PEAD, bem como os processos de avaliação que eventualmente serão implementados.
Embora eu tenha o cuidado de não expor de forma apressada algumas destas questões, como que antecipando problemas, me vejo freqüentemente pensando nas possíveis dificuldades que os alunos poderão enfrentar, e nas possíveis estratégias para a superação das mesmas.
Obviamente não é possível se prever tudo, até porque não conhecemos os alunos, suas realidades, etc., mas uma reflexão prévia poderá nos deixar melhor preparados quando chegar o momento oportuno. Entre outras questões, costumo refletir sobre os seguintes tópicos:

1. Quem são estes alunos, verdadeiramente? Sabemos que são professores em exercício da rede pública, e que não possuem habilitação em suas áreas de atuação. Mas não sabemos muito sobre o domínio que possuem das tecnologias, que recursos dispõem e em que condições estarão acessando o ambiente virtual? Não sabemos muito se possuem, ou não, alguma experiência prévia em educação a distância, e até que ponto seus estilos cognitivos poderão auxiliar/dificultar as aprendizagens numa modalidade de EAD?

2. Qual é a carga de trabalho/estudo que será exigida por parte dos alunos para dar conta das atividades propostas? Como não acompanhei a organização do Curso, é natural que essa pergunta esteja na ordem dos meus pensamentos. Um dos fatores que poderá interferir negativamente no processo, sem dúvida, é a exigência do cumprimento de tarefas que estão além das possibilidades e do tempo disponível, por parte dos alunos. Portanto, é importante que se constitua um diálogo entre os responsáveis pelas diferentes disciplinas que ocorrerão simultaneamente, no sentido de compatibilizar as atividades. Como se trata de um curso de graduação, existe a necessidade de atender às diretrizes curriculares, em termos de carga horária, o que implica num equacionamento que precisa ser ao mesmo tempo dinâmico e flexível, que possa se adaptar às circunstâncias e necessidades de cada momento, no grupo como um todo.

3. O duplo sentido do PEAD para os alunos que não possuem experiência em EAD. Por se tratar de um curso a distância, os alunos do Curso de Licenciatura em Pedagogia a Distância se defrontarão com um problema conjuntural, qual seja, o da aprendizagem de conteúdos ao lado da aprendizagem e domínio das ferramentas e recursos necessários para o desenvolvimento de tais conteúdos. A EAD, como referem muitos autores, especialmente a baseada nas TICs se encontra em processo de transição, não só em relação ao uso de determinados recursos tecnológicos, mas especialmente em relação ao desenvolvimento de competências neste novo fazer educativo, o que remete para duas outras questões: a necessidade de apropriação dos meios juntamente com a necessidade de reconstrução de processos de aprendizagem dentro de novas concepções. Seguramente os alunos do PEAD, além da necessidade de dar conta dos conteúdos, sentirão a necessidade de obter o pleno domínio dos recursos tecnológicos e, mais ainda, a necessidade de aprender a aprender à distância - de forma mediada -, com tudo que isso representa, como a concepção de aprendizagem autônoma – no sentido piagetiano do termo, ou seja, constituída nas relações entre os sujeitos, o que é bem diferente do conceito de aprendizagem independente.

4. A organização das ações educativas mediadas (EAD). Senti alguma dificuldade em relação ao modo como algumas atividades estavam organizadas, o que não impediu que as mesmas fossem realizadas a contento. No entanto, a preocupação está relacionada com o perfil dos futuros alunos do PEAD, e até que ponto os mesmos estarão, ou não, em condições de desenvolver as atividades previstas no tempo estimado. Na verdade, mesmo ciente de que as atividades programadas têm sua importância e sua razão de ser, não vi muito sentindo no modo como algumas dessas atividades foram organizadas, constituindo este um fator que poderá complicar o desenvolvimento das mesmas. Resumindo, me parece que seria um procedimento aconselhável apresentar as atividades a serem desenvolvidas do modo mais simples possível, de tal forma que os alunos não percam muito tempo tentando entender o que se quer verdadeiramente que eles façam. Me parece, s.m.j., que o grau de dificuldade deve estar associado às exigências cognitivas para o desenvolvimento dos conteúdos propostos, e não no investimento para a compreensão das mesmas.

5. A constituição de comunidades virtuais de aprendizagem. O bom desenvolvimento do ensino a distância baseado nas TICs, passa pela constituição de comunidades virtuais de aprendizagem. Dentro desse conceito, é imperativo que se promova o descentramento do educando, no sentido da aprendizagem cooperativa e colaborativa, de forma solidária. Neste processo, me parece que será de grande importância o trabalho dos Tutores, não só no sentido de instigar, de problematizar, mas também no sentido de trabalhar numa mudança de perspectiva, que leve o aluno a interagir com os pares, passando da idéia de conhecimento enquanto aquisição para uma idéia de conhecimento enquanto produção/construção. As ferramentas chat, fóruns (síncronas e assíncronas), bem como as comunicações por e-mail entre tutor/aluno e dos próprios alunos entre si, assumem papel fundamental.

6. A organização do ambiente virtual de aprendizagem (plataforma). Penso que seria interessante discutir quais as ferramentas a serem habilitadas/desabilitadadas, em cada um dos módulos, bem como o papel de cada uma delas. Poderia se chegar a um denominador comum, que considere os conteúdos a serem desenvolvidos em cada módulo/disciplina, a metodologia e a didática adotada pelos professores responsáveis, assim como o perfil e as características dos próprios alunos. Penso que para o aluno é importante saber quais ferramentas terá que acessar diariamente, dentre o conjunto de ferramentas disponíveis na Plataforma. Se no âmbito de numa determinada disciplina/módulo ficar definido quais as ferramentas a serem utilizadas, como por exemplo o Portfólio, o Chat, o Fórum e o Diário de Bordo, é bom que isso fique bem claro para todos, evitando que os mesmos tenham que acessar um grande numero de links, pois cada acesso demanda tempo, principalmente dependendo do tipo de conexão, das condições de tráfego e de acessibilidade do ambiente virtual. Considerando que terão quatro áreas distintas para acessar, no ambiente virtual, simultaneamente, em cada semana, ou seja, quatro módulos/disciplinas concomitantemente, tudo que se puder fazer para evitar o acesso desnecessário deverá ser feito. Considero que o ambiente deve ter um grande elenco de ferramentas, para atender a uma diversidade de necessidades, mas que o mesmo pode ser customizado de acordo com as propostas, em cada momento do processo.
Estes breves comentários se originam a partir de minha própria necessidade de antever eventuais dificuldades que os futuros alunos do PEAD possam ter, e que são comuns em eventos dessa natureza. Penso que é importante que promover uma discussão aberta sobre estas questões, ou seja, não somente dentro de uma disciplina, mas dentro do conjunto de disciplinas que funcionarão ao mesmo tempo, e que os alunos, tutores, professores, enfim, todos os participantes (multidisciplinares) terão que dar conta.
Costumo referir que a Educação a Distância, antes de ser à distância, é Educação, e este é um dos aspectos que necessitamos ter sempre presente. Assim, trabalhar a EAD na perspectiva não só da inclusão educacional (democratização do acesso ao ensino), mas também sob a ótica da qualificação dos processos de ensino e aprendizagem parece ser um bom caminho.


CONCLUSÃO

Embora a maioria, senão todos, dos aspectos acima explicitados tenham sido já pensados pelo conjunto de professores que trabalharam e estão trabalhando na organização do Curso, me pareceu importante trazer os mesmos à reflexão, especialmente entre os Tutores, no sentido de despertar a atenção quanto ao significado dos eventos relacionados, em cada momento de sua atuação.

1 Comentarios:

At domingo, 02 julho, 2006, Blogger Suzana Gutierrez said...

Oi Silvestre :)
Muito rico este teu parecer. Vai nos ajudar muito a re-organizar ambientes e atividades.
abração,
Suzana

 

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